Documento lista 234 áreas de risco alto e muito alto, o que equivale a 18% do território do município
Estudo também apontou medidas a serem tomadas para mitigação e necessidade da população compreender mais sobre as situações de risco
O levantamento completo das áreas de riscos do município e das ações para mitigação de desastres foi apresentado pela prefeitura à cidade na noite desta terça-feira (16.05). O Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR) lista 234 locais considerados como risco alto ou muito alto para deslizamentos, enchentes e inundações. A área crítica equivale a 18% do território de Petrópolis. O plano é o primeiro da história da cidade a englobar os cinco distritos. O único estudo realizado até então contemplava apenas o primeiro distrito.
São 102 áreas de risco alto e muito alto no primeiro distrito (Petrópolis); 39 no segundo (Cascatinha); 35 no terceiro (Itaipava); 32 no quarto (Pedro do Rio); e 26 no quinto (Posse). O estudo aponta ainda que 7.177 famílias precisam ser reassentadas, o que corresponde a 25,9% das que moram em locais de risco.
Entre as medidas apontadas para mitigar os riscos estão limpeza de rios e canais de drenagem, obras de drenagem, obras de contenção, reflorestamento de áreas degradadas, desmonte ou fixação de blocos de pedras (ou até mesmo a implantação de barreiras dinâmicas) e reassentamento de pessoas que moram em áreas de risco alto e muito alto, com consequente demolição das moradias e recuperação ambiental do espaço.
“Este estudo tem extrema importância aos olhos da Defesa Civil, porque uma vez se tem o conhecimento do que pode acontecer e, principalmente, o que nós podemos fazer, conseguimos agir preventivamente e reduzir riscos na nossa cidade. O escorregamento de massa (como terra e pedra, por exemplo) é a principal causa de morte nos casos de tragédias”, pontua o diretor de Prevenção e Capacitação da Secretaria de Defesa Civil e Ações Voluntárias, tenente-coronel Gileno Alves, destacando a importância do levantamento para a atuação da Defesa Civil. “Estamos aguardando esse plano há um tempo para efetivamente cumprir essas ações. Todos nós estamos empenhados nisso porque queremos o bem da nossa cidade”, disse.
Conscientização da população
O estudo chegou a outras conclusões, como o crescimento da ocupação de encostas, a falta de conscientização dos moradores sobre o risco em algumas áreas, uma melhor capacidade de resposta em casos de deslizamentos, enchentes e inundações, bem como de captar recursos para obras de reconstrução e prevenção. O levantamento aponta ainda para a necessidade de aperfeiçoar e implantar programas não-estruturais.
Durante a apresentação, o engenheiro civil da Theopratique (empresa que fez o plano), Luiz Carlos Dias de Oliveira, que liderou o estudo, explicou que todo “perigo” ou “ameaça” com potencial de causar consequências (como mortes e danos materiais) se transforma em “risco” quando as pessoas percebem esse potencial.
“Só existe risco se aquele indivíduo que vive naquela área tiver consciência disso. Não adianta o secretário de Obras, a Defesa Civil, o engenheiro reconhecer e apontar que é uma área risco, se o morador não tem essa percepção, se ele não pensa assim. Essa é a tarefa não-estrutural mais difícil de se fazer e o maior desafio, maior paradigma dos tempos atuais”, falou Luiz Carlos.
O engenheiro elencou sobre algumas dicas que podem ajudar a população a identificar uma situação de risco. “Trincas nas paredes ou no piso e portas ou janelas emperrando podem indicar algum tipo de desestabilização do terreno; construções em margens de rios ou córregos, ou próximo a maciço rochoso também representam risco, assim como construções no caminho de águas (mesmo que esse caminho já esteja seco); sequência de casas erguidas em aterros; lançamento de esgoto em valas à céu aberto”, aponta.
O Plano Municipal de Redução de Risco chegou a fazer um recorte especial de um período quando os registros ainda não eram feitos pela Defesa Civil com a tecnologia de hoje para acesso à informação. Há registros de 741 casos de acidentes em áreas de riscos entre 1938 e 1988, e a maior parte deles (48,7%) aconteceu em áreas de risco médio – enquanto em locais de risco alto e muito alto representam 15,2% dos casos. De acordo com os responsáveis pelo estudo, isso mostra o quanto o mapeamento de risco é dinâmico: a ocupação de encostas através de escadarias, o loteamento em meia encosta e as invasões, consolidadas por melhorias de infraestrutura urbana, contribuíram para esse fenômeno.