As ações de inclusão na educação municipal ganharam destaque na audiência pública realizada hoje na Câmara Municipal, que debateu a educação inclusiva nas escolas particulares. Após apresentar as ações e projetos da Prefeitura, a secretária de educação, Mônica Freitas, disponibilizou aos gestores da rede privada todo o manual organizado pelo município sobre como enfrentar os desafios da inclusão, que foi elogiado pela representante do Ministério Público.
“A inclusão é um desafio que deve ser enfrentado. É preciso mudar a concepção desse trabalho de adaptação para que seja possível avançar. Desde que o Ministério Público lançou o desafio da educação inclusiva, tivemos que trabalhar muito. Percebemos que nossos profissionais não estavam prontos e passamos a construir essa inclusão, oferecendo recursos e capacitando nosso pessoal. Vimos que, assim, podíamos receber esses alunos de forma organizada”, destacou a secretária de educação. Os documentos disponibilizados pelo município incluem dois manuais e um CD, que mostra como montar salas de recursos multifuncionais e trata do fazer educacional frente os desafios da inclusão. A secretária se disponibilizou também a tirar dúvidas e trocar informações e técnicas mostrando como realizar a inclusão.
A Promotora de Justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro, Sandra Mello enfatizou que o inquérito é direcionado à rede privada, que ainda resiste às mudanças da inclusão, e aconselhou que os gestores dessas unidades sigam o exemplo do município. “Muitas instituições ignoram o processo inclusivo por falta de recursos. O município está cumprindo a missão de incluir e enfrenta os mesmos problemas. Aproveitem o auxílio público”, orientou. Sandra ressaltou que a escola tem que se preparar para atuar com esse novo conceito e deve fazer o portador de deficiência se sentir aceito e pertencente ao âmbito escolar. “O Ministério Público não é um instrumento de repressão e não quer punir. Queremos caminhar de braços dados e fazer as escolas entenderem essa necessidade”, lembrou.
A secretária de Educação, Mônica Freitas, lembrou que a Prefeitura vai inaugurar, no segundo semestre deste ano, o Centro de Referência em Educação Inclusiva, que atenderá os alunos especiais em seu contraturno, por meio de oficinas de dança, artesanato, teatro, desporto adaptado e orientação profissional, entre outras atividades que exploram as habilidades dos alunos. Os profissionais da educação serão formados e capacitados. “Temos também a intenção de trabalhar trazendo a família da pessoa com deficiência para dentro desse espaço. Os alunos especiais da rede pública demonstram que suas dificuldades estão, muitas vezes, centradas na família, que não tem um entendimento claro sobre como conduzir o aluno ao conteúdo escolar”, explicou. Neste projeto, trabalharão em conjunto a Secretaria de Educação, Secretaria de Saúde, Fundação de Cultura e Turismo e Secretaria de Trabalho, Assistência Social e Cidadania, oferecendo, inclusive, cursos profissionalizantes.
A rede municipal tem, hoje, 42.700 alunos. Destes, 834 estão em processo de inclusão. Quatro escolas funcionam especialmente pela inclusão (Escola Municipal Salvador Kling, Escola Municipal de Educação Especial Santos Dumont, Escola Municipal Mosenhor João de Deus Rodrigues e Escola Municipal Paulo Freire). Trinta e cinco escolas possuem salas de recursos com 530 alunos incluídos. Além disso, 150 estagiários de Psicologia atuam em 82 escolas e 85 alunos utilizam o serviço de ônibus adaptado. A secretária destacou, ainda, que no último concurso público da educação, que foi homologado no dia 7 de maio, o município previu os cargos de cuidador, instrutor de libras e intérprete de libras.