Relatos emocionados de duas mulheres vítimas de violência doméstica marcaram a reunião do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (Comdim) realizada na última segunda-feira (10/2). Evelyn Machado Silva, de 23 anos, vítima de uma tentativa de homicídio cometida pelo ex-companheiro e Karen Delvizio, que também sofreu agressões por parte do ex-marido, contaram suas histórias de superação e como, a partir do episódio, decidiram atuar no combate à violência doméstica.
“É muito importante a presença dessas mulheres aqui no conselho, não só para dar voz às suas histórias, mas também para que elas possam nos dizem como o conselho pode atuar para que esse tipo de violência não aconteça mais”, disse a presidente do Condim, Luciane Bomtempo. Junto com a coordenadora do Cram, Drica Madeira, Luciane foi à casa de Evelyn prestar solidariedade, após ela deixar a UTI do Hospital Santa Teresa, onde havia permanecido por 15 dias.
“A partir do momento que decidi me separar, foi quando as agressões e ameaças começaram. Hoje ele está preso, mas não sei como vai ser quando ele sair da cadeia”, contou Karen. A coordenadora do Centro de Referência de Atendimento a Mulher (Cram), Drica Madeira, lembrou que a violência doméstica não vê classe social, idade ou cor. “Para mudar esta situação é preciso falar com as pessoas, conscientizar e orientar. Esse é o nosso trabalho no Cram”, salientou.
“Estou aliviada por ter sobrevivido, mas também estou com medo. Não sinto mais segurança”, comentou Evelyn, que participou da reunião do Comdim, acompanhada do pai. Durante o seu depoimento, ela contou que teve vergonha de denunciar os casos de agressão e quando resolveu procurar ajuda das autoridades policiais e judiciais “não recebeu o apoio necessário”. “Fiz a queixa em outubro e a medida de proteção só saiu no dia 29 de janeiro, dias depois de ter sido atacada pelo meu ex-marido”, contou. Evelyn foi atingida com mais de 30 facadas. O agressor está preso.
“Vamos encaminhar ofícios para a Polícia Civil, para o judiciário e para o Ministério Público pedindo esclarecimentos sobre o atendimento a essas mulheres. Temos que expor esses problemas e pedir que eles sejam resolvidos”, destacou Luciane. O secretário de Saúde, André Pombo, e a secretária de Educação, Mônica Freitas, também participaram da reunião. Pombo elogiou a atuação do Comdim e falou sobre o atendimento às mulheres vítimas de violência na rede municipal de saúde. “Vamos ampliar a rede psicossocial com a implantação de mais um CAP´s e também contratar mais profissionais para atender a essas mulheres”, disse.
Durante a reunião também foi apresentado o balanço de 2013 das atividades do Cram que no ano passado atendeu 2.350 usuárias. De acordo com os dados, em 2013 foram realizados 1.250 atendimentos e 450 casos novos. Em janeiro deste ano, 25 mulheres já receberam o atendimento inicial e 90 foram acompanhadas.