Momentos de beleza, mistério e espiritualidade. Assim foi o 1º Festival da Índia - Janmashtami, promovido pelo Centro Cultural Brasil Índia, em parceria com a Prefeitura de Petrópolis por meio da Fundação de Cultura e Turismo, no último fim de semana (15 a 17 de agosto). O evento, realizado no Palácio de Cristal, atraiu mais de sete mil pessoas com uma programação variada, com músicas e danças de diferentes regiões do país, sabores exóticos e palestras sobre filosofias e expressões de fé orientais e ocidentais.
Nos três dias de festa, tudo chamava atenção no Palácio de Cristal. De longe, o imponente cenário mais parecia um templo, que reuniu gente de todas as religiões. Católicos, protestantes, espíritas, budistas, muçulmanos, devotos de Krishna de diferentes vertentes e adeptos do guru Paramahansa Yogananda (a instituição Self Realization Fellowship) apresentaram as visões de suas próprias instituições e destacaram as semelhanças existentes entre todas as religiões, assim como a importância do respeito às diferenças entre elas. “Fiquei muito feliz com esse ecumenismo todo”, comemorou a jovem escritora Viviane Gonçalves Noel. “Achei lindo! as pessoas são amáveis e nos receberam muito bem. Foi maravilhoso!”
O público também prestigiou os shows - do rock aos mantras indianos, passando por canções da MPB apresentadas por grupos e músicos de Petrópolis, Rio de Janeiro e Niterói e pelo Coral das Princesas de Petrópolis. Os diferentes estilos da dança indiana clássica encantaram a todos em apresentações solo e coletivas. Um grupo, em especial, surpreendeu com seu show: o Nataraja, de Niterói, com 25 anos de existência, que reúne instrumentistas, cantores e, em alguns números, acrescenta a performance de um dançarino ou dançarina. Especializado em música indiana e universalista, o grupo reúne, lado a lado, mantras indianos e algumas músicas da brasileiríssima umbanda.
O Palácio de Cristal, assim como praças e parques da cidade (da Liberdade, de Nogueira, Parque Cremerie e Parque Municipal Prefeito Paulo Rattes, em Itaipava) virou, ainda, palco de aulas de yoga. A ideia era permitir que toda a população pudesse conhecer a atividade, que hoje é reconhecida no mundo inteiro como uma forma de preservar e melhorar a saúde física e mental. Houve até aula exclusiva para crianças de 2 a 8 anos, que se divertiram brincando de imitar animais.
Hortência Nunes Pereira, que trabalha como professora no Rio de Janeiro, veio à cidade acompanhada de uma irmã e um sobrinho. “Vim para prestigiar o Bunka-Sai, no fim de semana anterior, e soube que haveria a festa indiana. Achei que seria bacana e ali mesmo decidi retornar neste fim de semana”, contou. “O festival está me surpreendendo”, elogiou.
Para os organizadores, o público superou as expectativas. “Foi muito além de tudo o que imaginávamos”, comemorou o médico Carlos Lyrio, adepto do guru Yogananda e um dos dirigentes do Centro Cultural Brasil Índia. Seu companheiro na direção do Centro, o psicólogo Sandro da Costa Rodrigues, kardecista, completa: “tivemos grupos o dia inteiro nas diversas atividades, desde as oito da manhã! E me surpreendeu muito, ainda, a atenção das pessoas nas palestras”.
O professor de Yoga Fábio Goulart, espiritualista, mas sem religião, compartilha da alegria dos companheiros. “Honestamente, não esperava essa resposta já no primeiro festival”, disse ele, que tem, ainda, mais um motivo para comemorar: como chef da cozinha da festa, agradou até os indianos que vieram do Rio de Janeiro. “Eles eram muitos e comentavam que se sentiam comendo na Índia. Fiquei feliz de ver que percebiam que a gente oferece comida indiana mesmo, não uma adaptação”. O Hare Krishna Mayapur Chandra prometeu: “para o ano que vem, as pessoas podem esperar algo bem maior”, promete. “Mais barracas e uma grade de atividades ainda mais ampla”.
A presidente da Fundação de Cultura e Turismo, Thaís Ferreira, comemorou os resultados. “Promover os encontros e trocas culturais em espaços públicos como o Palácio de Cristal é mais um compromisso deste governo com a pluralidade e a diversidade. Assim crescemos e nos desenvolvemos como sociedade. A 1ª Festa da Índia teve muita qualidade cultural e as vivências e debates que ocorreram nos mostram que o respeito e as trocas culturais são, sem dúvida, um caminho em direção à paz”, finalizou.