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Quarta, 24 Mai 2017 19:10

Guarda Civil leva ao CTO cães da corporação para terapia dos pacientes

Trabalho feito por cadela da corporação leva alegria aos pacientes tratados no Centro de Terapia Oncológica

Cinoterapia  ocorria de forma esporádica, mas agora a visita dos animais será frequente e levada para outros ambientes

A Guarda Civil está efetivando o projeto de cinoterapia – terapia com ajuda de cães - desenvolvido pela corporação como vanguarda na região serrana. Até aqui, uma cadela visitava esporadicamente o Centro de Terapia Oncológica (CTO), mas a partir de agora, essas idas passam a ser frequentes. Com isso, mais mil pacientes terão a oportunidade de ter um momento de alegria e descontração enquanto esperam pelo atendimento ou sessão de quimioterapia.

Nesta quarta-feira (24.05), a cadela Lola, uma Golden Retriever de seis anos, voltou a interagir com os pacientes. Ela era levada desde o ano passado, mas já estava alguns meses afastada para implantação do canil da Guarda, inaugurado no fim de abril. Agora, ela irá toda a semana ao CTO, em dias alternados. Isso porque os pacientes vão ao Centro de Terapia Oncológica a cada duas semanas, sempre no mesmo dia – com o cronograma de dias diferentes, mais pessoas poderão brincar, acariciar e tirar fotos com a cadela.

“Esse trabalho já acontecia, mas não de uma forma mais planejada. Agora queremos que a cinoterapia ocorra aqui toda semana e que possamos ir também em outros locais. Nós sabemos da importância que esse serviço tem, basta a cachorra entrar no ambiente que o semblante das pessoas muda imediatamente. Ela leva a felicidade para os pacientes e o nosso objetivo é que essa alegria também vá para outros lugares”, explica o comandante da Guarda Civil, Jeferson Calomeni, que acompanhou a ida de Lola ao CTO nesta quarta. De acordo com ele, a corporação vai procurar outras unidades de saúde e instituições para oferecer a cinoterapia.

Não existe nenhuma regulamentação no país sobre como deve ser realizada a cinoterapia. Por isso, a cadela é levada apenas até a recepção do CTO – nunca à área de tratamentos, exames ou consultas. A ação também pode acontecer na parte externa. Qualquer trabalho com cães é sempre monitorado por dois Guardas, que passeiam pelo ambiente com o animal e permitem o contato direto com os pacientes.

“Ela mudou o ambiente aqui, alegrou a todos. Acho muito interessante a vinda da cachorra. Com certeza isso ajuda no tratamento”, disse a costureira Maria Helena de Carvalho, que faz um tratamento preventivo ao câncer de mama e que estava acompanhada do marido, o comerciante Ilton Esteves.

“Gosto muito da Lola, já estava com saudade dela. Se pudesse, levaria ela para casa, porque ela é magnífica”, brincou o aposentado Valdair Schmidt, que estava acompanhando os pais em uma consulta.

“A gente ama bicho e a presença da Lola aqui faz o tempo passar mais rápido e alegra a gente”, contou o paciente Osmar Vieira da Silva.

E o impacto na autoestima não é só dos pacientes – os funcionários também ficam mais felizes. “É um projeto ótimo, lindo. É a alegria dos pacientes e a nossa também. É bom ver o sorriso deles”, afirmou a recepcionista Melina Pereira, que trabalha no CTO há seis anos.

“A presença dos cães aqui traduz uma tendência dos grandes centros de tratamento oncológico e o CTO trouxe com esta iniciativa, a vida tradicional para dentro de um ambiente que é considerado tenso. Nosso objetivo é humanizar o tratamento, buscando sempre acolher os pacientes. Essa primeira visita, ainda que rápida, demonstrou sucesso total com a modificação no clima na sala de espera”, destacou o diretor do CTO, Bernardino Ferreira.

A psicóloga do CTO, Cristina Volker, lembrou que a utilização de cães durante tratamento médico começou nos anos 1950 quando um psicólogo americano, Boris Levinson, passou a usar os animais como forma dos pacientes manifestarem emoções.

“Existe na psicologia estudos que mostram eficiência com a participação dos animais na vida dos pacientes. A visita dos animais faz um diferencial quanto a melhora para com o enfrentamento e também quanto à resposta da doença. Esse é um trabalho diferenciado aqui no CTO, que é uma clínica de doença crônica”, declarou a psicóloga.

Grupamento de cães

O grupamento de cães da Guarda Civil conta com 13 animais, sendo nove adultos e quatro filhotes. No entanto, a capacidade do canil será dobrada para 16 baias. Dos adultos, dois rottweiler e quatro pastores belga-malinois são utilizados para controle de distúrbios civis e contenção tática. Já dois pastores holandês fazem detecção de drogas, explosivos e resgates. A Golden Retriever Lola ganhará a companhia de um cão da raça Jack Russel, que também fará cinoterapia.

O canil é mantido com ajuda de três parceiros. Um deles é a empresa Virtus, que oferece adestramento dos animais e treinamento dos condutores dos cães. A matilha também tem o acompanhamento de duas clínicas veterinárias. Por fim, recebe a doação de 150 kg de alimentos e medicamentos – é esse mesmo parceiro que ajuda na ampliação da estrutura física do canil.