Vítimas abordaram motoristas e pedestres sobre a importância da prevenção
Dois cadeirantes, vítimas de acidentes de trânsitos, participaram nesta segunda-feira (18.09) de uma intervenção no sinal da Praça D. Pedro para chamar atenção de motociclistas e pedestres para os altos índices de acidentes de trânsito. A ação foi precedida pelo evento de abertura, que aconteceu às 11h no Teatro Afonso Arinos, no Centro de Cultura Raul de Leoni. Samir Soares e Ricardo Prates - vítimas da mistura de álcool e direção, hoje dedicam suas vidas a conscientizar outras pessoas sobre como suas atitudes no trânsito podem mudar para sempre os seus destinos.
Na intervenção realizada no período da tarde, os cadeirantes e a equipe da CPTrans entregaram panfletos informativos alertando sobre a importância do uso do cinto de segurança, do respeito a faixa de pedestres, sobre os perigos de utilizar o celular ao volante, sobre a importância do uso do capacete pelos motociclistas, assim como os cuidados com as bicicletas usadas como meio de transporte. Assuntos pertinentes que vão ao encontro da prevenção e da segurança. Usando os próprios exemplos para abordar o assunto, Samir e Ricardo destacaram a importância da mudança de comportamento no trânsito.
“Eu estava saindo do batalhão depois de um plantão de 24 horas e fui para uma festa de fim de ano ao encontro dos amigos. Lembro de ter mentido para minha mãe e, na ocasião, minha esposa, dizendo que estava em missão. Naquele dia consegui parar minha moto no batalhão do Corpo de Bombeiros, que era bem próximo à festa e de lá fui andando. Bebi muito aquele dia. Na volta, quis pegar a moto, mas um amigo não deixou e ele mesmo se dispôs e a me levar para casa na moto”, rememorou Samir, policial militar reformado do Rio de Janeiro.
A atitude preventiva não foi suficiente para impedir um acidente. Naquele mesmo dia, entre o batalhão e a casa de Samir, um casal alcoolizado, em cima de uma motocicleta, acertou a dupla fazendo com que Samir fosse jogado para longe e que um carro passasse por cima de uma de suas pernas. “Eu gritava pedindo por ajuda, mas meu amigo estava desacordado. Foi uma ironia, eu tinha bebido, mas por conta de outras pessoas fui parar na cadeira de rodas”, lembrou ele, que teve a perna esquerda amputada.
Ricardo, por outro lado, foi vítima da própria imprudência. Ele havia ingerido bebida alcoólica em uma festa e voltava para casa pilotando sua motocicleta, quando, a cerca de 300 metros, atropelou um cavalo solto na via. “Eu lembro que quando cai no chão já não sentia mais meu corpo. No hospital a situação ficou ainda pior por conta de duas paradas cardiorrespiratórias. Sofri uma lesão modular grave e fiquei paraplégico. No entanto, só me dei conta do meu estado quando voltei do hospital. Morava no quinto andar de um prédio que não tinha elevador. Dependia das pessoas para subir e descer”, conta ele sobre o acidente que aconteceu 25 anos atrás.
Apesar dos acidentes, Samir e Ricardo tiveram forças para continuar. Atualmente, eles trabalham na equipe da Operação Lei Seca, levando seus depoimentos e contanto como foram parar em cima das cadeiras de rodas. “É um sofrimento muito grande, não só para gente, mas para as famílias, que são diretamente afetadas”, dizem os dois. Além disso, também há o custo social, que em 2014, de acordo com dados da PRF e IPEA, representou R$ 40 milhões no Brasil.
Precisamos conscientizar cada pessoa para que essa mudança de comportamento aconteça o quanto antes. Pessoas morrem todos os dias por conta de acidentes. Só em Petrópolis, no período de janeiro a agosto tivemos 718 vítimas, de acordo com o Hospital Santa Teresa. Dessas, 50,3% dos casos, são de pessoas que estavam em cima de uma moto, ou seja, 361 pessoas. Além disso, há o aumento da frota que cresce cada vez mais todos os anos e já está em cerca de 25 mil motos. Então, precisamos que todos façamos nossa parte.
Durante a ação no semáforo, o empresário Ricardo Vidal Humos, do Bingen, foi abordado e declarou apoio a causa. “É necessário que esse tipo de ação seja constante. Eu hoje tenho outro comportamento no trânsito, mas mudei depois que meu perdi meu irmão. Infelizmente, como no meu caso, muita gente só aprende com a dor, precisam passar por um sofrimento muito grande para mudar de comportamento. Espero que um dia as pessoas possam aprender com a experiência dos outros”, contou.
Semana vai contar com série de atividades ao longo da semana
Além da ação de panfletagem realizada diariamente, também acontece na quarta-feira (20), uma simulação da CPTrans e do Corpo de Bombeiros, na Praça D. Pedro. No local, será criada a cena de um acidente de motocicleta e o resgate dessas pessoas. Haverá, ainda, no sábado (23), a partir das 14h, o I Encontro de Motociclistas de Petrópolis. Batizado de Encontro da Liberdade, o objetivo é chamar a atenção da classe para isso.
Quem também vai participar dessa ação são os ciclistas. Eles se organizaram para participar dessa ação em prol da vida. A iniciativa visa chamar atenção para quem utiliza a bike como meio de transporte ou para lazer. A atividade acontece no mesmo dia que a motociata, com saídas intermitentes da Praça da Águia.