Com autorização do governo federal, serão 85 pontos com câmeras em toda cidade
Até o fim de janeiro, a cidade vai começar a ver a montagem do Centro Integrado de Operações de Petrópolis (CIOP). A primeira etapa do projeto terá 45 pontos com câmeras. Mas o início do trabalho não é a única notícia boa na área de segurança no município. O Ministério da Justiça deu o aval necessário para dar sequência à segunda parte do projeto de monitoramento e, assim, alcançar 85 pontos.
Essa segunda parte será feita com recursos vindos de uma emenda feita pela deputada federal Cristiane Brasil no valor de R$ 500 mil (com mais uma contrapartida de R$ 114 mil). Esse valor já havia sido recuperado pelo prefeito Bernardo Rossi no início do ano passado, mas o governo trabalhou para que essa verba pudesse trazer ainda mais resultados. A Secretaria de Serviços, Segurança e Ordem Pública (SSOP) solicitou que o número de câmeras a serem adquiridas com a verba dobrasse de 20 para 40. A autorização veio agora e o investimento também vai aumentar, passando de R$ 614 mil para R$ 768 mil no total.
A segurança do município tem recebido muita atenção desde o início do governo. Logo de cara, o ônibus de videomonitoramento foi colocado em operação. Depois foram feitas novas bases para Guarda, a infraestrutura foi melhorada, o canil foi inaugurado e já está apresentando resultados. E agora mais este passo que será fundamental para as forças de segurança, mas que também terá muita utilidade para a CPTrans, Defesa Civil, Bombeiros.
Nesta segunda parte da central de monitoramento, o primeiro projeto apresentado pelo antigo governo ao Ministério da Justiça previa apenas 20 câmeras. A atual administração e a área técnica da SSOP conseguiram aumentar a quantidade para 40 câmeras e modificar os equipamentos para outros modelos com melhor resolução, menor custo de manutenção e que permite integração a qualquer sistema de monitoramento. Por isso, havia necessidade do Ministério da Justiça autorizar a modificação do projeto.
São câmeras que filmam em 360º e têm imagens em alta definição, com reconhecimento facial e de placas. É tecnologia de ponta sendo empregada no município para segurança pública e outros serviços.
O Centro Integrado de Operações de Petrópolis vai ocupar um espaço de 90 m² do Centro de Cultura Raul de Leoni. A primeira etapa do trabalho já será iniciada nos próximos dias, sob responsabilidade da empresa Emive. O plano de trabalho foi apresentado na última segunda-feira (15.01) ao prefeito Bernardo Rossi e prevê seis passos.
O primeiro é levantamento de campo, quando os funcionários que farão o serviço estarão em cada local e vão verificar o que precisam para a instalação naquele ponto (como ferramentas ou itens específicos). Depois vem instalação da infraestrutura interna e externa, que é o momento de colocar poste de cinco metros de altura, nobreaks, computadores, monitores e televisores na sala de monitoramento, entre outros materiais. Em seguida, é feita a adequação da rede de transmissão de dados e aí vem a instalação das câmeras. O quinto passo é o treinamento dos agentes que vão acompanhar as imagens 24 horas por dia, quando eles vão aprender a utilizar os recursos disponíveis no sistema. O último é o monitoramento na prática.
Funcionamento na prática
Serão monitorados locais como Praça de Nogueira, Praça de Corrêas, Retiro, Palácio de Cristal, 13 de Maio, Praça da Liberdade, Praça da Águia,Rua do Imperador, Rua Teresa, Paulo Barbosa, Praça da Inconfidência, Duas Pontes, Valparaiso, Mosela, Parque Municipal de Itaipava, Pedro do Rio, Ipiranga, Quissamã, Itamarati, Cascatinha, Montecaseros e Araras.
Em todos eles, diversos crimes serão coibidos e, com a ajuda das câmeras, poderá ser feito o acionamento de agentes para o flagrante ou as imagens servirão de provas em inquéritos. É o caso de delitos como furtos e roubos, agressões, pichações, entre outros.
Se houver uma denúncia de transporte de drogas ou de veículo roubado vindo em direção a Petrópolis, por exemplo, haverá câmeras no Bingen, no Quitandinha, no Alto da Serra, no Trevo de Bonsucesso e na Posse capazes de identificar os carros suspeitos pelas placas. O equipamento também faz reconhecimento facial, o que pode contribuir para encontrar um criminoso que esteja foragido.
“Com as imagens, será possível atuar no ato criminoso e elas poderão ser utilizadas para comprovação da prática criminosa. As imagens servem tanto para acionar um agente para ir imediatamente ao local como também como prova, porque ficarão à disposição da Polícia Civil para elucidação de crimes”, lembra o coordenador de segurança, Maurício Borges.
Em casos de engarrafamentos, a CPTrans poderá rapidamente informar os motoristas e organizar rotas alternativas, diminuindo retenções e garantindo a fluidez do tráfego. Se for um acidente de trânsito, uma ambulância pode ser acionada mais rápido e com maior precisão sobre o local para o atendimento da vítima. A Defesa Civil também poderá acompanhar visualmente o nível de rios, ajudando em ações de resposta em dias de chuvas fortes. Para o turismo, se alguém estacionar irregularmente em área de desembarque de ônibus para visitantes, é possível atuar imediatamente.
O comandante da Guarda Civil, Jeferson Calomeni, dá outros exemplos práticos de como as câmeras podem ajudar a cidade. “Nós teremos câmera na Rua 13 de Maio. Recentemente, um poste pegou fogo neste local. Na central, a imagem iria mostrar o início do problema e isso permitiria um acionamento imediato do Corpo de Bombeiros para atuar no local com ainda mais rapidez”, exemplifica.
Outra forma de uso será em eventos, com duas câmeras presas ao colete do agente podendo monitorar em meio ao público com transmissão das imagens em tempo real.
O sistema implantado aqui permite uma análise de cenas de maneira mais eficiente e muito mais rápida. É possível criar filtros de pesquisas de imagens de acordo com cores, direção, velocidade, ociosidade ou tamanho objeto. Por exemplo, se a única pista de um suspeito é que ele usava camisa branca, é possível pedir que sistema mostre todas as imagens em que aparece pessoas com essa descrição pela área monitorada.Assim, o investigador diminui de horas para minutos o tempo de pesquisa para encontrar uma prova de crime.
Redução de crimes
A Emive, empresa que vai instalar a central de monitoramento de Petrópolis, é uma das maiores do país no segmento de segurança eletrônica, com presença em quase todos os estados do Brasil e com certificação da Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese). No Rio, ela também foi a responsável pelo sistema de Três Rios, entre outras cidades. Os resultados por lá foram acompanhados de perto pelo hoje delegado titular da 106ª DP (Itaipava), André Lourenço, que atuava no município vizinho anteriormente. De acordo com ele, os índices de criminalidade caíram pela metade por causa de dois fatores.
“Foi uma queda significativa porque a central de monitoramento, logo de cara, traz uma ação inibitória. Além disso, ela ajuda as forças de segurança de maneira fundamental no planejamento estratégico, então ela permite um índice de elucidação de crimes ainda maior. Nós sabemos das dificuldades que o Estado vem passando em termos financeiros, que inviabiliza ampliar o efetivo das polícias. Então a gente se supera com tecnologia, já que a gente consegue ampliar a capacidade de controlar a cidade com as câmeras”, analisa o delegado.
O Centro Integrado de Operações de Petrópolis será uma das maiores centrais de monitoramento do estado, segundo a empresa que fará a instalação das câmeras.
“Sobretudo, a central vai dar mais vigor a integração que existe hoje pelas forças de segurança, ela vai agilizar e dar ainda mais excelência ao atendimento da população. A segurança tem que ser vista no contexto mais amplo da ordem pública, que passa também pelo trânsito organizado, por exemplo, entre outras coisas. E a central também vai ajudar nesse quesito. Sem dúvida, ela será um marco imprescindível para a cidade”, coloca o subcomandante do 26º Batalhão da Polícia Militar, Thiago Fernando Sardinha.