Trabalho foi realizado junto a 12 mulheres atendidas pelo Cram
Uma parceria entre o Centro de Referência em Atendimento à Mulher (Cram) e o canil da Guarda Civil levou o projeto de cinoterapia a vítimas de violência. O primeiro contato delas com os cães aconteceu na quarta-feira (01.08), sob supervisão dos coordenadores do Cram e do canil para que a experiência terminasse em sucesso, ajudando a elevar a autoestima das participantes.
A ideia partiu da coordenadora do Cram, Cléo de Marco, que conheceu o trabalho e pediu para acompanhar uma edição da cinoterapia junto a pacientes em tratamento contra o câncer no Centro de Terapia Oncológica (CTO) essa semana. Depois disso, foi combinada a ação realizada com 12 mulheres em uma sala onde é feita uma roda de conversa. Durante a sessão, os cães apareceram e fizeram o que é de costume.
“Foi uma ação que deu muito certo porque elas estavam quietas e sérias, mas depois mudaram de semblante e interagiram demais com os cães. Eu já conhecia o trabalho do canil e a cinoterapia, mas fui ver como era realizado e vi que poderia ser bom também aqui no Cram”, diz Cléo de Marco. Agora, ela deseja que isso possa acontecer com mais frequência.
A psicóloga do Cram, Liane Diehl, também ajudou a orientar a ação com os cães. Antes da presença dos animais, ela disse que as participantes da sessão teriam uma visita surpresa e quando eles chegaram, algumas ficaram com um pouco de medo. O assunto do “medo” era justamente que elas tratavam na roda de conversa.
“A primeira reação foi uma certa apreensão delas, mas logo que os cães começaram a correr e brincar pela sala, isso serviu como um catalizador de emoções. As vezes as mulheres não sabem qual é o sentimento que elas têm e como está sentindo aquilo. O ‘medo’ inicial dos cães foi verbalizado, e isso é importante porque o autoconhecimento é fundamental, olhar para dentro e aprender e cada uma aprender como lidar com esse medo”, ressalta a psicóloga.
A ação foi realizada com os mais novos integrantes do projeto, os filhotes de Golden Retriever, Chico e Jujuba. Não foram feitas fotos das mulheres e contato com animais para preservar a identidade delas – apenas funcionárias do Cram registraram a presença dos cachorros. A ação foi planejada em detalhes, como por exemplo, a participação de agentes masculinos para conduzir os cães. Para a presença deles, o uso do uniforme da Guarda foi fundamental para o sucesso.
“Nós fizemos toda essa ação com muito cuidado e uma forma muita carinhosa, com muito respeito a todas elas. Os guardas estavam todos uniformizados, o que ajudou a fazer com elas não olhassem ali para o homem, mas para agentes que está ali para dar segurança para elas. E a participação delas foi muito boa, todas interagiram, brincaram, pegaram no colo e fizeram perguntas sobre os cães, sobre o canil. Foi muito interessante”, contou o coordenador técnico do canil, Leandro Lopes.
O Cram segue ampliando o atendimento às mulheres vítimas de violência. De janeiro a julho desse ano, 371 orientações, entre novos casos e retorno após a primeira assistência. No mesmo período do ano passado, foram 213 orientações. O crescimento é reflexo do fortalecimento do trabalho do órgão, que oferece a elas orientação jurídica, acompanhamento social e psicológico e trabalha em parceria com as delegacias de Petrópolis para atender à mulher em situação de violência.
O trabalho de cinoterapia visa elevar a autoestima de quem contato com os cães, como pacientes em tratamento e idosos cuidados em lares de acolhimento. Também já foi levado a creches, com a intenção de gerar maior sociabilidade e melhorar o relacionamento entre os pequenos e deles com os adultos. Ele vem sendo realizado com frequência junto ao CTO desde o ano passado, principalmente pela Golden Retriever Lola.