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Terça, 12 Agosto 2014 10:37

Equipe da UTI Neonatal do Hospital Alcides Carneiro realiza procedimento que salva bebês da cegueira

Bebês prematuros nascidos no Hospital Alcides Carneiro diagnosticados com retinopatia da prematuridade (ROP), doença que pode causa cegueira, estão recebendo tratamento especial que lhes garante a visão. O pequeno Enzo, de seis meses, foi o primeiro bebê a passar pelo tratamento e o caso, agora, já é considerado um sucesso. O procedimento é oferecido desde abril na unidade, numa iniciativa inédita em hospitais da cidade, e mostra os avanços garantido pela Prefeitura no HAC, nas áreas neonatal e infantil.

Enzo foi diagnosticado com a ROP logo nos primeiros dias de vida, ainda na UTI Neo Natal do Hospital Alcides Carneiro. O procedimento foi realizado quando ele tinha apenas três meses e doença já estava em estágio avançado. “A retinopatia é uma patologia da retina e acomete bebês prematuros. O procedimento é realizado com laser e para Enzo foi essencial para preservar a visão”, explicou a oftalmologista Luciana Albuquerque, acrescentando que, quando ocorre o descolamento de retina, são necessárias cirurgias mais invasivas, com maior risco de não haver recuperação da visão.

A mãe Carina de Souza Sandir Soares, de 22 anos, agradeceu à equipe do HAC. “Meu filho vai ter uma vida normal graças a esse procedimento”, relatou, emocionada. Enzo nasceu com apenas 25 semanas e três dias de vida pesando 790 gramas. “Ele era muito pequeno e frágil. O apoio que tive dentro da UTI foi muito importante para que ele ficasse bem”, disse Carina.

De acordo com o Ministério da Saúde, 80% dos bebês prematuros que nascem com peso entre 750 gramas e 1 kg vão desenvolver ROP e 10% destes podem ficar cegos se não receberem o tratamento. É, hoje, a maior causa de cegueira infantil no Brasil e na América Latina.

“A oferta de tratamento para a retinopatia de prematuridade faz parte de um pacote de ações que têm como objetivo qualificar cada vez mais o atendimento da população na rede municipal de saúde. Estamos investindo em infraestrutura, tornando possível a realização de exames
e procedimentos que, antes, não eram oferecidos no hospital”, disse Bomtempo, lembrando a reestruturação de setores como o de cirurgia vascular.

A retinopatia da prematuridade ocorre porque o olho do bebê prematuro ainda não completou seu desenvolvimento. Nesses casos, os vasos que nutrem a retina (que é a parte do olho que capta a visão) ainda não terminaram o desenvolvimento, o que deveria acontecer na barriga da
mãe. Assim, alguns prematuros podem desenvolver vasos frágeis, que sangram, tracionam e podem descolar a retina. “Quanto mais prematuro é o bebê ou menor o seu peso ao nascimento, maiores as chances dele desenvolver a doença”, frisou Luciana.

Entre os meses de março e maio, cinco bebês passaram pelo procedimento com laser no HAC. Os gêmeos Gabriel e Daniel, nascidos prematuramente com menos de 1,5kg também realizaram a cirurgia. Atualmente com sete meses, eles estão fazendo o acompanhamento no Ambulatório do HAC. “Fizeram o laser com dois meses e meio de vida. Agora, vêm todo mês para a consulta com a médica. Tudo isso é para o bem deles. Estão com os olhos direitinhos”, comemorou Gilda Gomes da Silva, de 37 anos.

“Todo prematuro que nasce antes de completar 32 semanas de gestação ou com peso inferior a 1,5kg deve ser examinado por um oftalmologista especializado em retina, entre quatro e seis semanas de vida. Quanto mais grave o bebê, maiores as chances de desenvolver a doença. A maioria dos casos evolui bem, mas quando a não é tratada e evolui mal, o bebê fica cego, em geral perto dos três meses de idade”, alertou a médica.