Bebês prematuros nascidos no Hospital Alcides Carneiro diagnosticados com retinopatia da prematuridade (ROP), doença que pode causa cegueira, estão recebendo tratamento especial que lhes garante a visão. O pequeno Enzo, de seis meses, foi o primeiro bebê a passar pelo tratamento e o caso, agora, já é considerado um sucesso. O procedimento é oferecido desde abril na unidade, numa iniciativa inédita em hospitais da cidade, e mostra os avanços garantido pela Prefeitura no HAC, nas áreas neonatal e infantil.
Enzo foi diagnosticado com a ROP logo nos primeiros dias de vida, ainda na UTI Neo Natal do Hospital Alcides Carneiro. O procedimento foi realizado quando ele tinha apenas três meses e doença já estava em estágio avançado. “A retinopatia é uma patologia da retina e acomete bebês prematuros. O procedimento é realizado com laser e para Enzo foi essencial para preservar a visão”, explicou a oftalmologista Luciana Albuquerque, acrescentando que, quando ocorre o descolamento de retina, são necessárias cirurgias mais invasivas, com maior risco de não haver recuperação da visão.
A mãe Carina de Souza Sandir Soares, de 22 anos, agradeceu à equipe do HAC. “Meu filho vai ter uma vida normal graças a esse procedimento”, relatou, emocionada. Enzo nasceu com apenas 25 semanas e três dias de vida pesando 790 gramas. “Ele era muito pequeno e frágil. O apoio que tive dentro da UTI foi muito importante para que ele ficasse bem”, disse Carina.
De acordo com o Ministério da Saúde, 80% dos bebês prematuros que nascem com peso entre 750 gramas e 1 kg vão desenvolver ROP e 10% destes podem ficar cegos se não receberem o tratamento. É, hoje, a maior causa de cegueira infantil no Brasil e na América Latina.
“A oferta de tratamento para a retinopatia de prematuridade faz parte de um pacote de ações que têm como objetivo qualificar cada vez mais o atendimento da população na rede municipal de saúde. Estamos investindo em infraestrutura, tornando possível a realização de exames
e procedimentos que, antes, não eram oferecidos no hospital”, disse Bomtempo, lembrando a reestruturação de setores como o de cirurgia vascular.
A retinopatia da prematuridade ocorre porque o olho do bebê prematuro ainda não completou seu desenvolvimento. Nesses casos, os vasos que nutrem a retina (que é a parte do olho que capta a visão) ainda não terminaram o desenvolvimento, o que deveria acontecer na barriga da
mãe. Assim, alguns prematuros podem desenvolver vasos frágeis, que sangram, tracionam e podem descolar a retina. “Quanto mais prematuro é o bebê ou menor o seu peso ao nascimento, maiores as chances dele desenvolver a doença”, frisou Luciana.
Entre os meses de março e maio, cinco bebês passaram pelo procedimento com laser no HAC. Os gêmeos Gabriel e Daniel, nascidos prematuramente com menos de 1,5kg também realizaram a cirurgia. Atualmente com sete meses, eles estão fazendo o acompanhamento no Ambulatório do HAC. “Fizeram o laser com dois meses e meio de vida. Agora, vêm todo mês para a consulta com a médica. Tudo isso é para o bem deles. Estão com os olhos direitinhos”, comemorou Gilda Gomes da Silva, de 37 anos.
“Todo prematuro que nasce antes de completar 32 semanas de gestação ou com peso inferior a 1,5kg deve ser examinado por um oftalmologista especializado em retina, entre quatro e seis semanas de vida. Quanto mais grave o bebê, maiores as chances de desenvolver a doença. A maioria dos casos evolui bem, mas quando a não é tratada e evolui mal, o bebê fica cego, em geral perto dos três meses de idade”, alertou a médica.