A fotografia como obra de arte ganhou destaque na programação cultural do mês de março realizada pela Prefeitura de Petrópolis, por meio da Fundação de Cultura e Turismo. Duas exposições inauguradas nas galerias do Centro de Cultura Raul de Leoni, na noite da última sexta-feira, dia 6, colocam em foco diferentes formas de fazer do trabalho fotográfico uma expressão de arte. Na galeria Van Dijk, a mostra é coletiva, reunindo os 21 finalistas do concurso nacional “O essencial é invisível aos olhos”, promovido pelo Centro de Estudos Culturais de Petrópolis, com o apoio da Prefeitura. E no Espaço Alternativo está a exposição individual “Luz e Sombra”, do ambientalista e fotógrafo Paulo Moura. Ela homenageia o aniversário de Petrópolis com mais uma seleção de fotos que transformam paisagens e pessoas da cidade em objeto de arte nos cliques do autor. As duas mostras vieram se juntar à que havia sido aberta na manhã do mesmo dia, no Centro Cultural Estação Nogueira (“Cotidiano”, do fotógrafo Marco Oddone).
Luz e Sombra
Cenários a que poucos podem ter acesso, como a vista obtida no alto do Morro do Açu, ou a paisagem urbana do dia a dia transformada em uma verdadeira tela artística pela sensibilidade e técnica apuradas do ambientalista e fotógrafo estão iluminando as paredes do Espaço Alternativo
do Centro de Cultura. A visita à exposição vale como uma viagem por diferentes espaços de terra, céu e sonho através das lentes de Paulo, que está em sua quinta mostra no Centro de Cultura Raul de Leoni. Todas voltadas para a questão ambiental e o patrimônio cultural e artístico de nossa cidade.
“Sou um apaixonado por Petrópolis”, confessa o fotógrafo com entusiasmo. Seu primeiro projeto fotográfico, “Visões de Petrópolis”, deixou no livro de assinaturas, em dois anos de exposição, o registro de 940 visitantes, incluindo estrangeiros oriundos da Inglaterra, Alemanha, Espanha e Portugal. Elas registram também a história que levou Paulo Moura a mergulhar no mundo da fotografia. Foram fotos tiradas nas áreas mais remotas do município, que ele conheceu a partir de 2001, como servidor municipal em campanhas da Secretaria de Saúde, quando passou a atuar como desenhista no levantamento geográfico do município.
“Pude acompanhar todas as mudanças ocorridas nestes anos, sempre registrei tudo”, comenta, revelando que natureza e arquitetura são os dois pontos que mais o tocam. Bisneto de colono, ele se emociona: “A cidade hoje tem um acervo maravilhoso de construções dos séculos XVIII, XIX e XX em perfeito estado de conservação, é o maior patrimônio artístico da arquitetura brasileira.”
O Essencial é invisível aos olhos
Quem não leva fé na criatividade humana, tem de dar o braço a torcer: em uma resposta ao desafio contido no próprio nome do concurso, o essencial se torna visível aos olhos de quem visita a galeria Van Dijk, através das lentes e da sensibilidade dos 21 finalistas que têm ali seus trabalhos expostos. Destacando-se entre os 106 fotógrafos profissionais e amadores de todo o país que participaram com 243 fotografias, eles conseguiram captar e expor emoções profundas, essenciais, lançar luz sobre a beleza de coisas simples e mexer com as noções de valores dos visitantes. Nas fotos, laços de ternura aproximando diferentes tipos de seres, explosões de emoção iluminando faces e sorrisos, paisagens incríveis, a grandiosidade do céu profusamente iluminado pelas estrelas.
Igor Pereira, de São Bernardo do Campo (SP), venceu o concurso flagrando o instante em que um morador de rua beija um cão, em uma foto que emociona, aliando técnica e sensibilidade. “Mesmo em uma situação trágica como a de um morador de rua, a beleza se revela”, comenta um visitante especial da exposição, Dom Gregório Paixão, bispo de Petrópolis. Ele se declara emocionado diante de todos os trabalhos que viu por captarem o belo, que ele associa com a própria presença divina. “A palavra beleza vem das palavras hebraicas – beht , el, tza – que se traduz por “a casa onde Deus brilha”, ensina.
Igor, vencedor do concurso, tornou-se fotógrafo amador em 2010 e só agora vem se profissionalizando. Ele já teve fotos selecionadas para exposição nos três outros concursos de que participou anteriormente, mas declarou-se mais orgulhoso por ganhar seu primeiro prêmio aqui: “Só de ser um finalista em exposição na Cidade Imperial, repleta de história, já me deixava muito feliz e me motivou a vir conhecer Petrópolis, aproveitando a oportunidade. Mas tive aqui esta surpresa para completar, e ser o vencedor me enche de orgulho.”
“Foi muito surpreendente a qualidade encontrada nesses trabalhos”, confidenciou o presidente da Sopef (Sociedade Petropolitana de Fotografia), Erick Abrunhosa, membro do corpo de jurados que escolheu os finalistas e o vencedor. E explica: “Como era um concurso aberto a amadores, eu não esperava um nível tão alto. Também foi elevado o nível de adequação ao tema, e há muita sensibilidade nas imagens. O resultado está 100%”, garante.
Serviço:
Exposição "Vida em Movimento"
Galeria Van Dijk
Visitação: 7 a 31 de março de 2015
Terça a sábado, 13h às 18h
Exposição fotográfica "Luz e Sombra"
Espaço Alternativo
Visitação: 7 de março a 5 de abril de 2015
Segunda a sábado, 13h às 18h / Domingo, 13h às 17h