"Os jovens de hoje acham que estão imunes à contaminação. Se contraem o vírus, acreditam que é só tomar os remédios que poderão levar uma vida normal. Não é bem assim. Para manter o vírus HIV sob controle, tomo um coquetel de medicamentos por dia. Não é fácil. Ainda convivo com outras complicações, como crises diárias e severas de diarreia”. Foi assim, de forma direta, clara e objetiva, que o produtor cultural Rafael Bolacha falou nesta terça-feira (7/4), data em que comemora-se o Dia Mundial da Saúde, a estudantes em evento realizado pela Prefeitura, por meio da Secretaria de Saúde, em parceria com a Faculdade Arthur Sá Earp Neto (Fase). A palestra, realizada no auditório da Fase, falava de responsabilidade e mostrava a importância das práticas sexuais seguras e da realização do teste rápido para detecção do vírus da Aids.
A conversa com o produtor cultural Rafael Bolacha, que faz parte do projeto “Uma Vida Positiva”, foi realizada no auditório da Fase e contou com a presença de estudantes da rede pública e privada da cidade. “Atualmente os jovens lidam com o HIV como se não fosse nada e a vinda do Rafael Bolacha tem o objetivo de revelar outra visão, da importância de se cuidar e de fazer o teste rápido”, disse a coordenadora do Programa Municipal DST/Aids e Hepatites, Maria Inês Ferreira.
Rafael Bolacha descobriu a doença em 2009 e desde então criou um blog e escreveu um livro contando sua experiência. “No Brasil, eu vejo o HIV como um problema mais social do que de saúde. Ainda estamos atrasados nesta questão. Por isso, o meu objetivo é estimular a conversa, fazer com o jovem fale sobre o assunto e que o HIV seja colocado em pauta”, comentou. “Acho que ficamos sem referência e as coisas ficaram meio mascaradas. Para a minha geração, as referências de Cazuza e Renato Russo já eram muito distantes, e a imagem deles não condiz com o momento atual da doença. Acho que hoje faltam referências no país. Isso é importante, uma vez que os jovens pensam muito nesses “modelos”. Aqui, num país que é referência no tratamento, não temos isso”.
Após a palestra, os estudantes participaram de um bate-papo com Rafael e assistiram a um espetáculo de dança contemporânea “Da Razão do Vermelho”, baseado no livro “Uma Vida Positiva”. “O espetáculo fala das relações, dos medos, das minhas experiências nos primeiros três anos após a descoberta do vírus. Expresso na dança o que escrevi no livro”, contou.