Quatro exposições, entre artes plásticas e visuais, foram abertas no último fim de semana no Centro de Cultura Raul de Leoni. Inauguradas na noite da sexta-feira, 10, elas integram a programação cultural promovida pela Prefeitura de Petrópolis para o mês de julho, por meio da Fundação de Cultura e Turismo. Nas três galerias, mais o Espaço Alternativo, estão trabalhos de 42 artistas, petropolitanos ou não, compondo um amplo painel de pinturas, desenhos, esculturas e fotografias com temas e técnicas capazes de agradar a pessoas de todas as idades, mesmo as que não têm conhecimento sobre arte. Uma visita a elas pode ser uma ótima opção de lazer gratuito durante as férias escolares que estão começando e um ganho cultural para toda a família. Inclusive nos fins de semana, uma vez que o Centro de Cultura fica aberto de terça a domingo.
“É enriquecedor”, avaliou o jovem maranhense Reginaldo Ingel Jr, que está em visita a Petrópolis com os pais e aproveitou a noite de abertura das exposições para conhecer o Centro de Cultura. “Achamos bem interessante o espaço, e tem boas exposições”, acrescentou o pai, Reginaldo. O engenheiro eletrônico Almir Fernandes, petropolitano que também visitou as mostras na noite de abertura, comemorou: “É legal termos aqui essa variada oferta de arte, pois em Petrópolis a gente não tem muitos espaços dedicados às exposições. E o melhor é que o Centro de Cultura fica no coração da cidade, pode dar chance a mais pessoas para conhecer a arte, aprender a valorizá-la.”
As mostras irão até o dia 2 de agosto e podem ser visitadas de terça a sábado, das 10h às 18h. Duas delas estão abertas também aos domingos, no horário de 10h às 17h: “Kinkas – Pinturas” e a fotográfica “Texturas”. A entrada é franca e a classificação Livre. O Centro de Cultura Raul de Leoni fica na Praça Visconde de Mauá, 305 – Centro Histórico (na Praça da Águia). O telefone é (24) 2233-1200.
Mais informações - Disque Turismo: 0800 024 1516
AS EXPOSIÇÕES
I Mostra Cultural Instituto Êxodo e Prêmio Imperial 2015” – Na Galeria Aloísio Magalhães estão em exibição 41 obras, criadas por 39 artistas de lugares como Petrópolis, Rio de Janeiro (capital e interior), Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Eles foram selecionados, através dos trabalhos enviados, para o concurso Prêmio Imperial 2015, promovido pelo Instituto Êxodo. A exposição, com curadoria de Lilian Rojas e Tânia Leal, tem pinturas em diversas técnicas, duas esculturas e fotografias de arte. A variedade encanta os visitantes, como Almir Fernandes. “A diversidade de técnicas é muito interessante, a gente pode comparar e descobrir coisas. Pude ver, por exemplo, que a OST (iniciais de óleo sobre tela) tem um certo brilho, dá cores mais vivas às telas.” A auxiliar administrativa Mônica Rabotion, que o acompanhava, completa: “Foi a técnica que mais me encantou também.” Os trabalhos dessa mostra estão sendo avaliados tecnicamente por uma comissão de jurados que, no dia do encerramento, revelarão os nomes dos três ganhadores do Prêmio Imperial 2015 .
O Êxodo – Na Galeria Djanira, uma exposição individual de pintura de João F. Machado, artista petropolitano que retrata cenas rurais e urbanas, figuras humanas e sacra (a Virgem com o menino), tem quadros que vão da tranquilidade bucólica do campo à dramaticidade do incêndio na Favela do Moinho (SP) ou de uma enchente em favela de Nova Iguaçu, passando por casarões, casebres e até a Casa de Santos Dumont. João Machado, que começou a pintar aos 13 anos de idade e fundou há mais de 40 o Instituto Êxodo para desenvolver projetos de apoio ao desenvolvimento das pessoas de classes menos favorecidas, coloca um foco nas diferenças sociais do país. Ele registra os movimentos urbanos, as mudanças de vida da população, as pessoas em suas ocupações, a degradação das cidades e temas afins. O resultado agradou Mônica Rabotion, que conferiu todas as mostras na noite de abertura: “Não sou entendedora de arte, esta é a primeira visita que faço a uma exposição, mas os quadros são bonitos”, ela afirma. E reflete: “O artista consegue identificar outras coisas no dia a dia que a gente não vê e passa isso nas imagens. Tem muita pintura bonita aqui”, conclui.
Kinkas Pinturas – Na Galeria Van Dijk, os petropolitanos vão se deparar com as telas instigantes da exposição individual do artista Kinkas Caetano. Mineiro de nascimento que cresceu no Rio de Janeiro e mora em Paris há 23 anos, dividindo-se entre essas duas cidades, ele expõe suas telas na capital francesa, Rio e Miami, além de mostras já feitas em São Paulo e Curitiba. Também designer gráfico, ele faz ilustrações para revistas e jornais na França, como o Le Monde ou o Nouvelle Observateur, e para instituições e eventos, públicos ou privados. Ele cita a Unesco, a Unicef e Anistia Internacional entre seus clientes de catálogos. Kinkas informa que atualmente também está com outra exposição de pinturas em Paris (“Interferências Visuais”, em português) e uma escultura na conhecida Cow Parade que está acontecendo agora na capital francesa (uma exposição de arte urbana que acontece anualmente em algumas cidades do mundo, como o Rio de Janeiro, em que vacas esculpidas por artistas plásticos são instaladas em ruas e praças). Para os petropolitanos que quiserem conhecer seu trabalho de pintura, os quadros estão na mostra “Kinkas Pinturas”, na Galeria Van Dijk.
O trabalho exposto na Galeria Van Dijk, definido como figurativo pelo autor, Kinkas Caetano, tem cores fortes, elementos que remetem à arte abstrata, no estilo que lhe trouxe reconhecimento no mercado de arte e que não deixa margem para neutralidade por parte do observador. “Não consigo entender”, diz com alguma perplexidade o professor Rafael Serra. “Gosto dele, é bem colorido, bem vivo”, destacou o maranhense Reginaldo Ingel. A psicóloga e terapeuta corporal Taísa Chehab, de 28 anos, analisa: “É muito estímulo ao mesmo tempo. A gente está muito acostumado com uma arte mais “limpa”, e quando se depara com uma criação que te provoca outros estímulos, é como ganhar um modo novo de se encontrar com a arte. Gostei bastante”. Outro psicólogo, Diego Meireles, vai além: “Gosto de cores vivas, o trabalho chama a atenção. Neste quadro eu enxergo olhos, misturados nas cores e traços do fundo. Eu fico procurando olhos, me amplia a percepção”.
Texturas – O Espaço Alternativo do Centro de Cultura Raul de Leoni completa o programa de exposições com a mostra de fotografias em preto e branco de Leonardo Fonseca (com apenas uma exceção de cor, para a foto da lua). São mais de 30 cliques que mostram cenas urbanas, pessoas em atividades e detalhes como a textura de uma flor, de pisos por onde andam os passantes, de uma estátua etc. “São recortes cuidadosos da realidade urbana brasileira, registrados com sensibilidade apurada para o drama social contemporâneo”, analisa Patrick Fontaine, economista e músico. Ele completa: “Achei muito bonita a exposição. O começo é a beleza, e as fotos têm a ver umas com as outras, é um conjunto que faz sentido. Pequenos pedaços de coisas que acontecem todo dia e ninguém repara, mas o olhar do fotógrafo torna aquilo belo. Vira arte.”