O Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM) promoveu uma Audiência Pública no plenário da Câmara de Vereadores que reuniu mais de 40 pessoas na tarde desta segunda-feira (08.05). O tema foi a “Rede de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher”, que mobilizou o debate dentro dos quatro eixos previstos na Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres – combate, prevenção, assistência e garantia de direitos.
Foram debatidos temas como as atuações articuladas entre instituições governamentais, não governamentais e a sociedade civil, a projeção de estratégias e políticas que visam garantir as mulheres os direitos básicos como a responsabilização dos agressores e a assistência às mulheres em situação de risco e violência.
“Com muita coragem, determinação e persistência, organizamos essa audiência para que todos os participantes pudessem esclarecer o papel de cada um dentro da rede de enfrentamento em defesa das mulheres. O saldo foi positivo e vamos continuar promovendo ações que visem à melhoria da assistência àquelas mulheres que mais precisam de toda essa rede”, disse a coordenadora do CRAM, Raquel Vieira.
Dentro das muitas explanações, a deputada estadual Enfermeira Rejane, presidente da Comissão da Mulher na ALERJ,apresentou alguns dados sobre o aumento dos casos em Petrópolis, com base no estudo do Dossiê Mulher, publicado em 2015 pelo Instituto de Segurança Pública do Estado.
“No município os casos de violência física alcançaram o número de 821 registros e a proporção de casos contra mulheres chegou a 48,8%. A violência sexual teve 82 casos e os de violência moral e psicológica batemos os 522 registros. Mas vale lembrar que isso são números de 2015. O grande desafio do enfrentamento são os casos que acontecem dentro dos domicílios, onde o poder público, por muitas vezes, não tem ingerência”, disse a deputada.
Adriana Mota, socióloga, destacou a diferença entre a rede de enfrentamento, que é ampliada, com a participação mais efetiva de diversas instituições e a rede de atendimento a mulher nos casos de violência, onde existe a necessidade maior da integração dos órgãos de proteção. “Temos que promover uma articulação maior dos veículos de ajuda em um momento de crise. Os sistemas de ajuda precisam atuar mais integrados”.
Katia Lôbo, superintendente de projetos e ações governamentais do governo do Estado, exemplificou que, durante a cada quatro minutos, uma mulher sofreu algum tipo de violência durante o Carnaval deste ano. “Não podemos compactuar com esses dados e temos que continuar com ações de conscientização e enfrentamento, como essa que hoje estamos participando. Dou os parabéns pela organização”.
Já Rosemary Caetano, superintendente de enfrentamento à violência contra a mulher do Estado, ponderou um maior engajamento de todas as entidades e aumentar o combate à cultura do estupro. “Temos que fortificar a atuação daqueles que estão inseridos neste processo. A cultura do estupro é inaceitável”, reclama ela.