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Segunda, 15 Mai 2017 16:28

Instituto Municipal de Cultura e Esportes reinaugura painel restaurado de Ruy Albuquerque

Obra que foi vandalizada está exposta em lugar de destaque no Centro de Cultura Raul de Leoni

Solenidade neste sábado (13.05) marcou o retorno da obra ao espaço

Retratando a Umbanda, rito religioso afro-brasileiro, o painel do renomado artista plástico Ruy Albuquerque foi restaurado e voltou a ser exposto em um dos principais equipamentos do município, o Centro de Cultura Raul de Leoni. Em lugar de destaque, a obra foi reinaugurada neste sábado (13.05).

Para o segmento de cultura afro-brasileira, popular e indígena, a prioridade dada pelo IMCE em resgatar e recuperar a obra mostra sua preocupação em preservar e valorizar toda manifestação cultural.

“Estamos há anos nessa saga da valorização da obra, que foi colocada em frente ao banheiro, pichada, retirada e deixada jogada, para depois sumir. Assim que falei com Leonardo rapidamente ele encontrou a obra, nos mostrou na reunião do Conselho e agora estamos aqui reinaugurando onde ela sempre deveria estar. Isso mostra o comprometimento em valorizar a nossa cultura e o trabalho desse artista, que foi considerado pela crítica como um dos sucessores de Portinari e que se inspirou nele ao retratar o sofrimento do povo brasileiro. É uma emoção o dia de hoje”, comemorou Mônica Valverde, representante do segmento.

O presidente do Conselho Municipal de Cultura, o artista plástico Claudio Partes, parabenizou a persistência do segmento no resgate da obra e a iniciativa do governo em valorizar o painel.

“Isso prova que é possível fazer algo com a boa vontade e interesse, e fazer muito com muito pouco. É de valor enorme para nós petropolitanos termos uma obra como essa aqui. O Centro de Cultura ficou mais vivo com um painel como esse, que traz vida para esse espaço”, disse.

Trabalho de três meses para expor importante obra do acervo 

O trabalho de restauro do painel – que tem 7 metros e é composto por seis partes – levou três meses e foi feito pelo artista plástico e restaurador Paulo Campinho, servidor do IMCE. Com marcas de pichação e vandalismo, Campinho recuperou a obra, datada de 1983 e doada pelo próprio artista em 1988. Bacharel em Pintura na Escola de Belas Artes da Universidade Federal Fluminense (UFF), o artista plástico explicou o processo de restauro e o valor da obra para a população.

“Foi preciso fazer um levantamento do solvente adequado para remover toda a pichação sem causar dano à pintura e fiz pequenas intervenções de retoques na obra que foi mantida no depósito e quando foi feito o transporte ambos de maneira inadequada. Mas destaco aqui a importância do acervo do Instituto e de sua preservação, que é um pequeno acervo, mas com peças e obras muito importantes. E é bom encontrar na administração o apoio para fazer algo que já havia me proposto desde o início dessa luta”, ressaltou o artista plástico.

Durante a solenidade, que aconteceu quando também é celebrado o Dia do Preto Velho, o Mestre em Ciências da Religião (UFJF) e sacerdote Umbandista, Pedro Nogueira, falou sobre a importância religiosa da obra e explicou cada detalhe da pintura.

“Cada lâmina desse painel por si só já representa a cultura afro-descendente. Temos a rezadeira, que todos conhecem; o Preto Velho e alguns simbolismos do rito religioso. Em cada lâmina o feixe de luz penetra na cena, que é a mãe África, a mão de todos os terreiros. É a luz do ensinamento dos ancestrais divinos. Muito me honra ter no Centro de Cultura a religiosidade brasileira”, disse o sacerdote.