Obra doada pela artista ao Liceu Municipal será retirada do colégio na quinta-feira (05.10).
Trabalho para o transporte do painel para a galeria será feito pelo Iphan e restauradores do Museu Histórico Nacional.
De valor imensurável, o painel de Djanira - doado pela artista ao Liceu Municipal Cordolino Ambrósio - será transferido do seu lugar de origem após 64 anos. A mudança é o primeiro passo para a restauração da obra de mais de 12 metros - a maior do acervo de Djanira, uma das maiores pintoras do país. O painel vai mudar temporariamente de endereço, para o Centro de Cultura Raul de Leoni, onde será feito o trabalho de restauração. A obra será retirada nesta quinta-feira (05.10) do salão do colégio e levada para a Galeria Aloísio Magalhães, onde permanece pelo período da restauração. O trabalho será acompanhado por restauradores do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e Museu Histórico Nacional, que também vão coordenar o processo de restauro.
“Estamos dando um passo importante, nesse momento, para a cultura petropolitana e no âmbito nacional. Eu e o prefeito tivemos a felicidade de levar essa pauta nos primeiros dias de gestão à presidente do Iphan, Kátia Bogéa, em Brasília. É uma demanda de muitos anos, referente a uma obra valiosa, que as gestões passadas não deram a atenção devida. Vivemos um momento de absoluta escassez de recursos. Se não fosse a parceria com o Iphan, que prontamente se mostrou disponível a nos ajudar, e o Museu Histórico Nacional, seria impossível custearmos uma reforma de um painel deste porte”, explica o diretor-presidente do Instituto Municipal de Cultura e Esportes, Leonardo Randolfo.
Para receber o painel, a Galeria Aloísio Magalhães passou por adequações necessárias para garantir o acondicionamento da obra, como iluminação e ventilação do espaço, além de um esquema especial de segurança. Todas as mudanças foram apontadas pela equipe técnica em visita ao espaço, em julho. A remoção do painel para o CCRL também será feita pela equipe do Iphan e Museu Histórico Nacional, que após colocá-lo na galeria dará início ao estudo do que deverá ser feito no restauro para mensurar o orçamento do material que será utilizado no processo e equipe de apoio, caso seja necessário, e que será liderada pela equipe do órgão federal.
“O ponto de partida é trazer a tela para o Centro de Cultura, sem custo nenhum para o município nesta primeira etapa. Estamos usando o caminhão da Secretaria de Educação e o Iphan, junto com o Ibram, conseguiu técnicos do Museu Histórico Nacional que vão ficar a nossa disposição - um apoio técnico valioso e que não tem custo algum para o município. E conseguimos parcerias para hospedagem dos técnicos, por meio do Petrópolis Convention & Visitors Bureau, junto ao Hotel Grão Pará e também a alimentação com o restaurante Tradição Mineira, para não ter custo para o município”, conta Randolfo.
O painel de Djanira, que é tombado pelo Iphan, retrata imagens da Cidade Imperial, da vista do Salão Nobre onde ela foi instalada após a doação. A obra é um registro do carinho da artista pela cidade que passava longas temporadas desde 1947.
“A tela foi pintada para estar no Liceu Municipal. Com o passar dos anos o próprio local foi deixado e talvez se desvirtuando das suas finalidades. Ao longo dos anos, a obra nunca teve o acondicionamento e manutenção correta. O próprio Iphan fez o faciamento do painel, que é cobri-lo para proteger para que a tinta não solte até que seja feita a restauração”, explica o diretor-presidente do IMCE.
Processo de restauro será aberto à visitação
A restauração deve durar cerca de um ano e o processo poderá ser acompanhado pelo público no programa de visitação guiada que será oferecido, dando a oportunidade a estudantes e público em geral de ver de perto o restauro de uma obra de arte. Após o restauro, a tela deve retornar ao seu local de origem, no Salão Nobre do Liceu Municipal Cordolino Ambrósio.
“Conceitualmente essa tela foi feita para ficar naquele espaço. Temos que trabalhar o espaço para que ele funcione. Mas entendo que a Cultura é uma grande parceria da Educação. A Cultura precisa estar dentro das escolas, e de certa forma está. Nosso trabalho agora, enquanto gestor público, é sentar junto com o Secretário de Educação e traçar um planejamento para aquele espaço dentro do Liceu para que possa atender tanto a comunidade escolar como a população de um modo geral. Para que mais pessoas possam ter acesso a essa importante obra e que realmente seja um local de fazer cultural”, destaca Randolfo.
Pintora importante do modernismo brasileiro, Djanira também era desenhista, cartazista e gravadora. Seu trabalho retratava a diversidade de cenas e paisagens brasileiras, com a presença marcante da religiosidade. Natural de Avaré, interior de São Paulo, morreu no Rio de Janeiro, aos 64 anos. Expôs suas obras nas principais galerias e espaços culturais do Brasil, e também no exterior - Inglaterra, Argentina, Uruguai, Chile, Estados Unidos e Paris.
Seus quadros ainda são expostos em diversas exposições nacionais e internacionais. Grande parte de sua obra está abrigada no acervo do Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. E Petrópolis foi presenteada com o painel de mais de 12 metros, o maior de Djanira, feito especialmente pela artista para a Cidade Imperial.