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Segunda, 18 Dezembro 2017 18:12

Representantes da prefeitura participam de experiência do “Calçadas Acessíveis”

Funcionários de várias pastas conheceram as necessidades de pessoas com deficiência para montagem de um manual para construção de calçadas

Na manhã desta segunda-feira (18.12), uma pessoa sem enxergar tentava ir da altura do número 183 até o início da Rua 16 de Março pela calçada. No entanto, no meio do percurso, ela acabou entrando sem querer na galeria do edifício Marchese. Situações como essa podem ser vivenciadas todos os dias por pessoas que possuem deficiência visual. Foi exatamente esta experiência que um grupo de 15 pessoas pode conhecer – e que vai ajudar a montar o manual de calçadas acessíveis para o município.

A pessoa em questão era a presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, Gabriela Falconi. Vendada, ela foi desafiada a realizar uma atividade comum aos cegos: ir de um ponto a outro com auxílio de uma bengala. Para isso, ela decidiu usar como referência as paredes das lojas. Mas ao chegar, teve dificuldade.

“Eu percebi que havia saído da calçada por causa do piso, que era de concreto e quando entrei na galeria ficou mais lisinho”, contou ela.

Aí não teve jeito: a única solução para voltar ao percurso correto foi pedir ajuda. O porteiro Igor da Silva passava por ela no exato momento e ofereceu para levá-la de volta para a calçada. Por lidar com público diariamente, ele diz que a situação vivida por Falconi é bastante comum.

“Geralmente ninguém ajuda, só se a pessoa estiver passando mal. Já aconteceu algumas vezes de eu ajudar um cego ou um cadeirante e a gente faz o que puder”, disse.

Além da atividade sobre desafios enfrentados por cegos, também houve simulação da locomoção de cadeirantes. Eles passaram por calçadas ainda na Rua Irmãos D’Ângelo e Rua do Imperador. Toda esta experiência servirá de base para implantar o programa “Calçadas Acessíveis” em Petrópolis. Realizado pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e pela Firjan, o programa teve adesão de Petrópolis em novembro. O objetivo é criar um documento técnico com orientações sobre como deve ser construídos os passeios públicos para pessoas com deficiência, idosos, quem conduz carrinho de bebê e a população de uma maneira geral.

“Nosso papel é estar desenvolvendo com vocês um trabalho que vai ajudar tecnicamente a realizar uma requalificação dos espaços. Mas eu não posso falar dos problemas sem que se tenha esta vivência. Sem essa sensibilidade, não dá para entender a real necessidade dessas pessoas. Assim, conseguiremos fazer um manual qualificado”, explicou o arquiteto do escritório regional da ABCP, Luiz Gustavo Guimarães, que conduziu a atividade.

Durante a vivência, todos os participantes fizeram relatórios com as dificuldades encontradas no caminho e os aspectos psicológicos – por exemplo, se encontraram preconceito, como se sentiram ao depender da ajuda de outro, etc. Tudo será levado para uma reunião que acontecerá quinta-feira (21.12) e que vai debater o assunto. O programa tem sido impulsionado pela Coordenadoria de Planejamento e Gestão Estratégica, mas conta com a participação de toda prefeitura. Na atividade desta segunda, por exemplo, estiveram presentes representantes de CPTrans, Assistência Social, Obras, Educação, Defesa Civil, Gabinete da Cidadania e Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência.

“A prefeitura ficou entusiasmada com o programa e tem dado o apoio para implantar no município. Nós temos uma população idosa que hoje em dia cresce mais do que a de crianças e somos uma cidade turística, por isso que este programa é tão importante para a cidade”, afirmou o coordenador de Planejamento e Gestão Estratégica, Roberto Rizzo.