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Sexta, 02 Fevereiro 2018 19:04

No mês de janeiro, Cram atendeu 144% mais mulheres do que no mesmo período em 2017

Órgão municipal promove o atendimento social, psicológico e jurídico à mulher em situação de violência

Aumento nas denúncias comprova a efetividade na desmistificação do assunto

O Centro de Referência em Atendimento à Mulher (Cram) realizou em janeiro 61 atendimentos, entre retornos e novos casos. O número, 144 % maior do que no mesmo período do último ano, vem para mostrar a importância da divulgação do trabalho do órgão e a desmistificação do assunto, que ainda é um tabu na sociedade atual. Às vésperas do Carnaval, o grande número de atendimentos reforça a importância da campanha #DiversãoSemAgressão, realizada pelo Cram, que é subordinado ao Gabinete da Cidadania, em parceria com o Conselho de Defesa dos Direitos da Mulher (Comdim). O órgão conta ainda com linha de emergência 24 horas e o Ônibus Lilás – espécie de Cram itinerante.

O Brasil é o quinto colocado no ranking mundial de violência contra a mulher, segundo a Organização Mundial de Saúde. Por isso, o assunto deve ser tratado e discutido o máximo possível. Em 2017, o Cram atendeu 454 mulheres em situação de violência e apenas no primeiro mês de 2018, já foram 61 atendimentos, entre iniciais e retornos. O número, no entanto, não demonstra necessariamente o aumento na violência, mas sim o aumento de denúncias em casos de violência doméstica.

“Violência à mulher é uma realidade muito viva no cotidiano brasileiro, e a vergonha ou culpa da vítima é algo ainda mais presente. Por isso, precisamos tocar na ferida, mostrar que a mulher tem alguém em quem pode confiar e que ela não é culpada pelo o que está passando”, destaca Cléo de Marco, coordenadora do Cram.

O Cram realiza orientação jurídica, acompanhamento social e psicológico e trabalha em parceria com as delegacias da cidade para atender à mulher em situação de violência – seja ela moral, verbal, patrimonial, física ou sexual -, e neste ano dará início ao projeto Oficinas de Capacitação para Mulheres em Situação de Vulnerabilidade, que visa inserir a mulher no mercado de trabalho, com cursos profissionalizantes que atenderão aproximadamente 100 mulheres por ano na cidade.

“Este aumento tão expressivo no número de atendimentos mostra que o Cram está ganhando a confiança da mulher petropolitana. Muitas vezes, a mulher se cala ao sofrer algum tipo de agressão, por razões distintas. Por este motivo, precisamos falar cada vez mais sobre isso, mostrando à mulher que ela tem um ombro amigo e que ela tem sim poder sobre sua vida”, declara Ana Maria Rattes, presidente do Comdim e coordenadora do Gabinete da Cidadania.

Campanhas de conscientização são um alicerce essencial na desmistificação do assunto

No último ano, foram realizadas pelo Cram inúmeras campanhas abordando a violência às mulheres, além de ações com o Ônibus Lilás. Em 2018, já teve início a campanha #DiversãoSemAgressão, uma parceria entre o Cram, o Comdim e o Gabinete da Cidadania. A campanha tem o objetivo de minimizar brigas e abusos, que aumentam consideravelmente durante o carnaval, principalmente para a mulher. O crescimento nos casos se dá muitas vezes devido ao aumento do uso de álcool e de outras drogas, lícitas e ilícitas, nesta época.

Entretanto, o foco da campanha não é a inibição do uso de álcool, mas sim o uso consciente. Com a adesão de grandes blocos da cidade e de comerciantes, a #DiversãoSemAgressão vem sendo abraçada por Petrópolis.

“Carnaval deve ser tempo de alegria, de descontração! É muito importante que todos abracem a campanha, para que a volta do carnaval em Petrópolis seja marcada por muito respeito, principalmente à mulher. As pessoas precisam entender que o seu direito termina aonde começa o do próximo, mesmo em épocas comemorativas”, disse a presidente do Comdim.

“Em muitos casos que o Cram recebe, vemos que o abuso está relacionado diretamente ao uso de álcool e outras drogas, por isso a importância da campanha durante o carnaval. A mulher não pode tolerar nenhum tipo de agressão, e, caso se sinta violentada, deve saber que ela possui respaldo do poder público para sair desta situação. A campanha, claro, visa minimizar qualquer tipo de violência, mesmo que o foco seja na mulher”, declara Cléo de Marco.

Para denunciar ou solicitar informações, pode-se ligar para o telefone 2243-6152 ou comparecer à sede do Cram, localizada na Rua Santos Dumont, número 100, no Centro. O funcionamento é de segunda a sexta, de 8h às 17h. Em casos de emergência, a mulher pode ligar em qualquer horário para o número (24) 98839-7387, disponibilizado pelo órgão. Caso se sinta violentada de alguma forma, a mulher pode contatar a Polícia Militar pelos números 2291-5071, 2242-8005 ou 180, além de poder contatar via WhatsApp a emergência da Polícia Militar, pelo número (24) 99222-1489.